Brasil pede apoio ao Egito para retirar brasileiros da Faixa de Gaza
Chanceleres brasileiro e egípcio conversaram hoje por telefone
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, pediu o apoio do Egito à operação de retirada dos cerca de 30 brasileiros que vivem na Faixa de Gaza, no Oriente Médio. Vieira conversou com o chanceler egípcio, Sameh Shoukry, por telefone, na manhã desta quarta-feira (11).
“Pedi que nos apoiasse, nos ajudasse a facilitar a passagem de ônibus com passageiros brasileiros que se encontram na Faixa de Gaza”, informou Vieira, em vídeo. Segundo o ministro, a intenção inicial das autoridades brasileiras é transportar os brasileiros e, em alguns casos, seus parentes próximos, até Rafah, na fronteira entre Gaza e Egito.
“Creio que esta será a saída para evacuar os brasileiros que se encontram correndo riscos nesta região conflagrada”, acrescentou o chanceler brasileiro, afirmando contar com o apoio egípcio na liberação da passagem dos brasileiros pelo posto de fronteira, fechado devido à escalada da violência na região em função do atual confronto militar entre Israel e o grupo Hamas, que controla a Faixa de Gaza.
Ônibus
Pouco após a divulgação do vídeo, o Itamaraty realizou uma coletiva de imprensa para fornecer a jornalistas mais informações a respeito da situação dos brasileiros em Israel e na Palestina e sobre a operação de repatriação dos que solicitaram apoio governamental para retornar ao Brasil.
De acordo com o diretor do Departamento Consular do Itamaraty, Aloysio Mares Dia Gomide Filho, servidores do escritório de representação do Itamaraty em Ramala, na Palestina, já estão em contato com os 30 brasileiros e também já contrataram ônibus para transportar o grupo até o Egito tão logo o governo egípcio autorize o ingresso dos brasileiros no país. “Isso já está sendo organizado e, diante do atual cenário, apesar dos riscos, este é o plano principal. Claro que qualquer outra possibilidade mais segura que surgir ao longo do tempo será avaliada”.
Até o momento, 2.733 brasileiros já responderam ao formulário que a embaixada brasileira em Tel Aviv, em Israel, disponibilizou na internet. Segundo Gomide Filho, nem todos, no entanto, manifestaram intenção de deixar a região neste primeiro momento.
“O formulário foi disponibilizado para os brasileiros que estão na região preencher não apenas por interesse na repatriação, mas também para a embaixada saber onde eles estão e qual sua situação, para poder oferecer algum outro tipo de apoios além da repatriação. Vários não querem partir”, explicou Gomides Filho, acrescentando que, entre os 2.733 formulários entregues à embaixada, há cadastros repetidos.
“Verificamos o fenômeno de duplo, até triplo registro. Algumas pessoas estão se inscrevendo mais de duas vezes, em alguns casos. Estamos revendo esta lista, fazendo um pente-fino”, afirmou Gomides Filho, frisando que, entre os 2.733 formulários, estão os entregues pelos primeiros 211 brasileiros que desembarcaram.
Turistas
A maioria dos brasileiros em Israel é composta por turistas que visitavam Tel Aviv e Jerusalém quando, no último sábado (7), o Hamas deflagrou um ataque coordenado, por ar e terra, contra o território israelense, atingindo civis e militares, indistintamente. Seguiu-se, então, uma forte reação militar de Israel, que passou a bombardear a Faixa de Gaza – um estreito pedaço de terra de cerca de 41quilômetros de comprimento por 10 quilômetros de largura, banhada pelo Mar Mediterrâneo, onde vivem cerca de 2,2 milhões de palestinos e que é controlado pelo Hamas, grupo islâmico de resistência ao avanço israelense sobre o território palestino.
O governo brasileiro já mobilizou outros cinco aviões para a operação de resgate dos brasileiros. A segunda aeronave, um KC-30, com capacidade para transportar até 230 passageiros, chegou a Tel Aviv no início da manhã desta quarta-feira, levando a bordo, além da tripulação, dois médicos, dois enfermeiros e uma psicóloga da Aeronáutica. A previsão é de que o voo chegue ao Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, esta noite.
“Estamos priorizando os brasileiros que não residem [na região] e, por estarem em hotéis, aguardando por um voo de volta, tem menos condições que os residentes. Além disso, naturalmente, há todos os grupos vulneráveis: idosos, mulheres grávidas, crianças. Estes [grupos] têm prioridade e, logicamente, a lista é grande”, disse Gomides Filho.