Dirigente do Ilê Aiyê reflete sobre os 50 anos de resistência e pioneirismo do bloco afro
Durante entrevista ao programa PN Notícias 2ª edição, da Piatã Fm, realizada nesta terça-feira (19), o diretor do Ilê Aiyê, Edmilson Lopes destacou o papel do primeiro bloco afro do país em levar o orgulho negro não só para a Bahia, mas para o mundo.
Segundo ele, datas como o Dia da Consciência Negra, celebrado como feriado nacional, pela primeira vez na história, servem para lembrar do pioneirismo que atravessa cinco décadas como manifesto de resistência.
“O Ile Aiyê não tá só dentro do Curuzu, no bairro da Liberdade, o bloco é um patrimônio nacional. Enquanto uma organização social, o Ilê faz a luta acontecer 365 dias no ano, com ação de educação, de cultura, cumprindo um papel fundamental contra discriminação e preconceito através do conhecimento”, destaca.
Nas suas batidas de atabaque e nas suas cores vibrantes, o Ilê não é apenas um bloco, pois também cumpre um papel social ensinando percussão, literatura, dança, canto, coral e outros assuntos que contribuem para sua formação da identidade negra.
“Um dos cadernos de educação do Ilê é representado pelo negro e o poder, onde em uma mão o Zumbi dos Palmares está com uma lança, e na outra com um pergaminho, que é o conhecimento. Isso é para povo negro entender o que nos pertence, porque quando você sabe quem você é e de onde você vem, ninguém pode te dizer ao contrário”, explica.
Para celebrar a data e combater a continuidade de uma cultura marcada por preconceito, o bloco afro realiza nesta quarta-feira (20), a partir das 15h, a Caminhada da Liberdade com concentração marcada na Senzala do Barro Preto, sede do Ilê Aiyê, no Curuzu, seguindo em direção até o Pelourinho.
Emilson aproveitou a ocasião para convidar o público para participar, mediante doação de 1kg de alimento não perecível, reforçando a simbologia da data : “hoje não é um dia de festa, mas um dia de luta, de protesto, de um grito por respeito e igualdade”.
O mais belo dos belos
Nascido em novembro de 1974 e composto por ritmistas, cantores e dançarinos negros, o Ilê Aiyê completa 50 anos esse ano.
Considerado patrimônio cultural da Bahia, o nome do bloco tem origem iorubá: Ilê significa casa, e Aiyê, significa terra. O nome traduz-se como “Nossa Casa” ou “Nossa Terra”.