‘Não existe’ x ‘eu vivencio’: Eliete Paraguassu e Sandro Filho protagonizam discussão sobre racismo ambiental

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A sessão ordinária da Câmara de Salvador desta terça-feira (3) foi marcada por intensa discussão entre o vereador Sandro Filho (PP) e a vereadora Eliete Paraguassu (Psol). O embate começou após um discurso da vereadora Marta Rodrigues (PT), que questionou a venda de áreas verdes na cidade pela Prefeitura de Salvador.
Eliete Paraguassu, que estava no plenário, pediu a palavra e reforçou a preocupação com a devastação de áreas verdes no município. Em seguida, o vereador Sandro Filho também pediu a palavra para contestar a intervenção de Eliete.
“Eu gostaria de pedir a vereadora Eliete Paraguassu que estudasse o regimento da Casa antes de vim aqui pedir ‘questão de ordem’, ‘pela ordem’ no plenário. Acredito que a Câmara não é o lugar para a gente ficar discutindo racismo ambiental sem ter o conhecimento do regimento interno”, disse o vereador.
Imediatamente, Eliete Paraguassu retrucou:
“Primeiro, o vereador precisa me respeitar. Porque você está dizendo que eu preciso estudar para falar de racismo ambiental. Eu não preciso estudar para falar de racismo ambiental. Eu vivencio o racismo ambiental. Então, quem deveria estudar é o vereador, e me respeitar enquanto vereadora desta Casa”, desabafou a legisladora.
E Eliete foi além. Revelou que foi procurada nos corredores da Câmara pelo vereador Sandro Filho, que queria entender o que seria racismo ambiental.
“Um dia desse, procurou saber de mim nos corredores, me abordando, me perguntou o que é racismo ambiental. Então, você, de fato, não tem conhecimento sobre racismo ambiental, porque nunca debateu sobre ele, nunca sentiu as consequências dele. Precisou me chamar no canto para saber o que seria racismo ambiental”, contou.
‘Não faço ideia do que é isso’
Posteriormente, em outro momento da sessão, Sandro subiu à tribuna da Câmara e voltou a dirigir críticas à vereadora Eliete Paraguassu.
“Eu desejo, sim, que a senhora suba aqui neste plenário, quando tiver a oportunidade, para nos explicar o que é racismo ambiental. A senhora que diz que já sofreu racismo ambiental. Eu acho engraçado, porque também sou da periferia, também sou do Subúrbio Ferroviário, tão negro quanto a senhora, mas eu nunca sofri racismo ambiental. Até porque não sei e não faço ideia do que é isso”, discursou.
Ao fim da sua fala, Sandro Filho associou o racismo ambiental a “problema urbanístico” e, novamente, disse que a vereadora deveria estudar a respeito do assunto.
“Quando a senhora chega para mim e fala que eu preciso estudar para saber o que é racismo ambiental, talvez a senhora esteja se confundindo. Talvez, racismo ambiental para a senhora seja uma coisa chamada problema urbanístico. E você pode estudar sobre o problema urbanístico na cidade. Eu não sou o maior conhecedor da pauta, mas quando a senhora chega para mim e diz que eu preciso estudar sobre racismo ambiental, me perdoe, mas não vou estudar sobre algo que não existe”, complementou o vereador em seu discurso na tribuna.
Após o discurso de Sandro Filho, a vereadora Eliete Paraguassu concedeu entrevista à TV Câmara de Salvador para rebater, novamente, as declarações do colega legislador.
“O racismo ambiental existe. Ele não existe para quem não vivencia e não tem interesse em estudar sobre o tema, e fica o tempo todo tentando apagar e negar a existência do racismo ambiental”, frisou.
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